Salão Principal

A noite estava gélida, e a cada dia o calor diminuía mais. Henry vestiu o casaco pesado antes de sair do escritório, sem se importar nem um pouco com o cilma ou consequências desta. Ele só desejava não ver mais papéis, envelopes, nem ouvir falar de prazos, negociações ou qualquer coisa do gênero por mais tempo que ele pudesse evitar. E isso significava até amanhã de manhã. Mas a noite para alguém com Henry King podia podia ser longa o bastante.
Ele nem precisou dizer o destino. A cara de poucos amigos e de quem precisava de um copo com whiske deixou claro que o caminho a ser percorrido acabaria em Montmartre, mais precisamente no Cabaret Night.
Ele, assim como o pai eram visitantes assíduos, e os Kings gostavam de fazer uma coleção de garotas, embora os dois tivessem suas preferidas. O pai se aventurava todas as noites nos braços de várias cortesãs, mas a dona do estabelecimento, a tal de madame Gigi era a única que ele sempre repetia. Henry não entendia a obsessão do pai pela cortesã que já não era assim tão jovem, embora continuasse extremamente bonita. Mas pouco se importava. Henry tinha fases. Na época das Loiras era para a cama de Lexie que ele ia parar todas as noites.. Na épocas das ruivas, era em Pandora, a escocesa mais quente de Paris, que ele perdia a noção de tempo e espaço. Quando seu fetiche na verdade eram as morenas era em Blair que o pequeno King esbanjava horas e mais horas, sem contar o dinheiro com presentes para a morena. E sempre que podia repetia alguma delas, ou tentava algo novo, negras, latinas, asiáticas, baixinhas, altas e etc...
Atualmente, com tantas responsabilidades ele não estava sendo tão seletivo, na verdade, fazia tempo que ele não ia para cama com alguma delas, e só ia para o cabaret para esquecer de tud, beber, ouvir a musica inebriante e não ter que falar, ou pensar em absolutamente nada além do que em um par de pernas bem torneadas, seios, barriga, cabelos, lábios das dançarinas do lugar. E pensar era mesmo o Maximo que o moreno podia fazer com as moças.
Quando eles finalmente chegaram ao seu destino, Henry adentrou o cabaret e foi para sua mesa de sempre. O pai não viria hoje, e pelo visto seu canto VIP ficaria apenas para ele. Deu uma olhada no lugar, e logo seu copo com whiske com gelo estava em suas mãos. Ele deu uma olhada no lugar e parecia que o lugar tinha algumas meninas novas. Uma menina branca como leite e cabelos castanhos dançava e os seguranças ao lado dela diziam que ela era apenas uma dançarina e serviria ao objetivo dele de apenas desejá-la.
No entanto, quando ele estava quase em sua mesa, ele reparou em uma moça no canto.Na verdade, a expressão jovem, dizia mais que era uma menina. Ela trajava um vestido curto e preto, e bebia sozinha no bar. Ele sabia muito bem quem era ela. A loira tinha sido objeto de desejo de Henry mais de uma vez, porém como era uma dançarina, a moça não passou disso.
De repente, a dançarina nova se tornou insignificante e o que Henry queria mesmo, era ver o corpo da pequena Bellefleur se mexendo para ele, em um show particular. Assim que o pensamento atravessou o pensamento de Henry, um sorriso torto brotou pelo seu rosto, e então ele colocou uma mão no bolso da calça de alfaiataria, e então caminhou Sem pressa alguma até a loira do bar.
- Bonsoir, petite fleur ... – Sussurrou na orelha de Natalie, se projetando atrás dela, com um sorriso prepotente. – Senti sua falta nos palcos, esta noite.. – Disse ele, sem nem se importar em fingir uma cara de decepção. No entanto os olhos azuis penetrantes do rapaz encontraram o da loira, que eram de um azul bem mais delicado que o dele, e o jeito arrogante e até abusado de King tinha um certo charme.

Henry não pode deixar de soltar um sorriso torto e brilhante ao ver o nítido desconforto da pequena loira ao falar com ele. Ela parecia ser inteligente ao saber o que um homem como ele queria como uma garota como ela. Mas também, ela havia passado a vida inteira em situações como ela, e Henry creditava a sabedoria da loira muito mais a experiencia do que inteligência.
Ele era ciente que sua lista de qualidades não eram muito extensas, mas confiava muito no seu charme para ter uma dose de alto-confiança suficientemente alta para achar que mesmo com as reservas de Natalie, ele teria o prazer de introduzi-la de vez ao submundo.
Ela afirmou o que o moreno já sabia, enquanto descruzava a perna,e Henry nem ao menos disfarçou o olhar lascivo ao ver as coxas de Natalie se mexendo. -Mas acredito que Monsieur tenha algo muito melhor aos olhos esta noite- Ela disse indicando o show das cortesãs com a taça,numa tentativa de desviar a atenção dela mesma,
Henry nem ao menos piscou, e muito menos virou o rosto para ver as tais cortesãs, afinal já havia escolhido o seu show da noite, e ele estava bem na sua frente. Ele se inclinou levemente em direção a ela, se aproximando um pouco, sem invadir o espaço dela, afinal conhecia os limites da casa. - Eu duvido, petit Fleur. - Sua voz saiu divertida, em um tom arrogante enquanto quase sussurrava para Natalie, e então voltou a sua postura inicial, que ainda sim era próximo demais da loira. Ele bebeu o resto de seu drink, com um resquício de seu sorriso malicioso e então apoiou o copo no balcão, mantendo sua mao ali, o que fazia que o braço de Henry impedia que Natalie saísse dali, e fosse obrigada a manter uma conversa com Henry. Ou mais que uma conversa.
Ao ouvir a sugestão de Bellefleur sobre se ela poderia ajufar, ele estalou a lingua e riu sem humor algum. - Hmm.. Vejamos.. - Disse ele esquadrinhando o rosto dela. - Eu conheço muitas cortesãs, a mademoiselle sabe que conheço.. E não estou interessado em uma essa noite.. - Disse ele com um ar divertido como se estivesse contando algo muito engraçado. - No entanto, seria muita bondade sua se me desse a honra de sua companhia, algo me diz que a senhorita é diferente dessas mulheres, afinal não é todo mundo que me esnoba com tanto sangue frio. - Ele disse, e quase em um passe de mágica, o tom sarcástico e arrogante dele desapareceu, apesar das palavras, e quase se podia notar um muxoxo em seus lábios, como se a atitude fria de Natalie realmente o afetasse. - Porque não fazemos o seguinte. Você se senta comigo. Bebemos alguma coisa, e conversamos? - Ele sugeriu, fitando a loira nos olhos com intensidade, como se ele pudesse convencê-la a fazer o que ele queria apenas com o olhar. - Eu pagarei pelo seu tempo, obviamente. - Ele sorriu, e dessa vez o sorriso era apenas galante, e não sarcástico ou arrogante.